22 outubro, 2010

Clarisse fala:

Estive cansada.
Cansada de tudo, de todos.
Acima de mim existe a Terra, mais adiante está o céu
Aonde estou?
Passei minha vida me preparando para um grande evento
Que por sua vez nunca aconteceu.
Tempos mais tarde descobri que esse evento acontecia,
Todos os dias
Longe da minha percepção:
Eu estava viva.
Agora me perguntam o que eu fiz,
Digo algo então:
Não tive fama, não fui Heroina,
Não fui personagem daquela estória que, dizem os religiosos, gerou a danação da humanidade,
Não tenho uma citação no livro didático.
Tampouco fui uma deusa Olimpiana
Vivi, apenas, como uma mortal
E sempre fui frustrada
Com as pessoas e suas máscaras de gentilezas,
Escondendo suas verdadeiras intenções,
Com seus problemas mesquinhos,
Opa, não quero dizer que fui melhor que elas, veja bem,
Também nunca quis perfeição pelos atos alheios,
Só me queixo, pois nunca achei gente boa de verdade,
Desisti cedo dessa procura, confesso mas....
Talvez nunca tenha existido pessoa com tal qualidade.
Então descobri que o único defeito que tinha era oMedo
Medo de não serem notadas,
Medo de ficar sem um assunto interessante: 
Será que existe algo com mais entreterimento que a vida dos outros?
Medo de não ter dinheiro, medo de não ter fama, medo de não ter atenção
Medo, Medo, Medo
"Vamos fugir com uma mentira?! Essa é a saída,"
Fazendo reféns para conseguir um pouco de felicidade, aquela que até da pra comprar.
Medo, Medo, Medo
Procurando em algum lugar, ou em algum canto ou em algo ou alguém
Um pouco de satisfação própria, um sonho, talvez
- e procurando com tanta gana como naquele filme onde o menino procura a Fada Azul...
E é a ela que todos procuram, um simbolo para se sentir satisfeito.
Mas se esquece que nessa procura constante espalha -se a mágoa, a irá e
consequentemente, o caos.

Mas eu estava viva,
e podia ter sido feliz com o pouco que me ofereciam.
Mas preferi interromper a minha sobrevivência
Demonstrando em meus atos desesperados,
tudo que eu mais odiava,
O egoismo errante da humanidade.
texto de Aline Candido



"Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade"
- Friedrich Nietzsche

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